O inquérito de
investigação declarou que as causas do naufrágio se deverão a sobrecarga do
navio e na negligência grosseira do comandante. Por outro lado houve falsas
declarações aquando da declaração da carga que estava a bordo do Vicente e no
número de passageiros embarcados no porto da Praia. Ficaram ainda visíveis
falhas na actuação das autoridades competentes em matéria de fiscalização do
navio Vicente antes da sua partida para a Ilha do Fogo. E, assim fruto destas imprudências
morreram três pessoas, onze sobreviveram e 12 estão desaparecidas.
O
acidente ocorreu no dia 8 Janeiro 2015 nas imediações do Porto de Vale dos
Cavaleiros, na Ilha do Fogo. Os indícios recolhidos numa primeira fase
de averiguações apontaram que o acidente resultou de
negligência humana, por parte de quem comandava o navio. E, agora
finda a investigação a hipótese foi confirmada, bem como o facto de o navio ter
carga a mais e estivada de forma desacertada, e incompetência de quem fazia a fiscalização
de entrada e saída de navios do Porto da Praia.
Findo
o inquérito ao naufrágio do navio Vicente que resultou numa tragédia, quem
sobreviveu, bem como as famílias das vítimas não pretendem deixar que se abafe
o caso. Estes garantem que a “culpa não vai morrer solteira após esse trágico acidente,
alguém terá de assumir as suas responsabilidades. Queremos os responsáveis doa
a quem doer”. E, desta forma pedem que medidas sejam tomadas pelas entidades
competentes e pelo Ministério Público, e que as responsabilidades sejam
assacadas em Tribunal, como forma de avaliar os transtornos e traumas
resultantes do acidente.
Resgate
Na
sequência do naufrágio, foram encontradas com vida onze: Aricson Fonseca,
agente do navio Tuninha, João Domingos, 2º Oficial, Daniel Gomes, 1º
marinheiro, Valdir Santos, marinheiro, Manuel Fortes, 3º piloto, Dalilo
Fernandes, estagiário de máquinas, Hermínio Furtado, marinheiro estagiário,
Dirce Carmos e Maria da Luz, empregadas de camera. Foram encontrados ainda, os
passageiros José Eduardo Amado e Antónia Dias.
Mortes
As
autoridades confirmaram três mortes: corpo do tripulante, Carlos Pina, ajudante
de cozinha foi resgatado, e avistaram como morto, uma criança de 6 anos, Wesley
Amado, filho de José Amado e do Chefe de máquinas, Lazaro Chapey.
Desaparecidos
Quanto
as pessoas desaparecidas com o naufrágio, há os passageiros, Sandra Varela e
António Morais. Da tripulação, há o Comandante, Cláudio Gonzalez, o Imediato,
José Angel, Gualdino Monteiro, Pedro Cidário, o Contra-mestre, João Santos,
João Camilo, cozinheiro, Danilson Inocêncio, marinheiro, Eunice Monteiro,
empregada de camera, e os condutores de atrelado, Adilson Lopes e Osvaldino
Delgado.
Sugestões
No
caso do Capitão, antes de sair do Porto da Praia foi lhe comunicado por pessoas
que assistiram a colocação das cargas, de que o Vicente tinha um desvio de 6
graus para o lado de estibordo, mas este defendeu que sabia os meandros do seu
trabalho e que a viagem iria decorrer da melhor forma. Por sua vez, o Imediato
foi informado por subordinados, isto é tripulantes, que a havia sobrelotação de
carga, bem como essa informação chegou ao Capitão que retorquiu que a
tripulação estava no navio para cumprir ordens superiores.
Já
nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na Ilha do Fogo, local de
destino do navio Vicente, o comando da embarcação foi informada pelas
autoridades marítimas que tinha de aguardar a saída do navio Ostrea, da
Companhia de Combustíveis, Vivo Energy para depois fazer a sua entrada no
Porto.
Explicações
Mas,
segundo tripulantes que sobreviveram a tragédia, "o navio estava inclinado
para estibordo e estava sobrecarregado. O acidente se deveu ao mar grosso e
principalmente ao forte vento. O Segundo Oficial do navio naufragado explica
ainda que o navio Ostrea não prestou auxílio adequado porque o Comandante do
navio Vicente não pediu socorro ao Ostrea, apenas pediu o seu
afastamento, ao invés de dizer que Vicente se afundava.
"E
que este deu início a uma série de manobras estranhas, pelo que o Capitão mandou
virar o navio a bombordo. Mas, o Segundo Oficial e o Terceiro Motorista
disseram que a melhor opção seria para estibordo devido ao mau
tempo, pelo que após insistência do Comando do navio, a força tiveram de
acatar as suas ordens, e ao sofrer uma rajada de vento virou-se de lado e em
cerca de cinco minutos se afundou sem deixar rastos" explica
a tripulação.
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