segunda-feira, 4 de maio de 2015

Navio Vicente: "a culpa não vai morrer solteira após essa tragédia resultante de negligência humana"

O inquérito de investigação declarou que as causas do naufrágio se deverão a sobrecarga do navio e na negligência grosseira do comandante. Por outro lado houve falsas declarações aquando da declaração da carga que estava a bordo do Vicente e no número de passageiros embarcados  no porto da Praia. Ficaram ainda visíveis falhas na actuação das autoridades competentes em matéria de fiscalização do navio Vicente antes da sua partida para a Ilha do Fogo. E, assim fruto destas imprudências morreram três pessoas, onze sobreviveram e 12 estão desaparecidas.


O acidente ocorreu no dia 8 Janeiro 2015 nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na Ilha do Fogo. Os indícios recolhidos numa primeira fase  de averiguações apontaram que o acidente resultou de negligência humana, por parte de quem comandava o navio. E, agora finda a investigação a hipótese foi confirmada, bem como o facto de o navio ter carga a mais e estivada de forma desacertada, e incompetência de quem fazia a fiscalização de entrada e saída de navios do Porto da Praia.

Findo o inquérito ao naufrágio do navio Vicente que resultou numa tragédia, quem sobreviveu, bem como as famílias das vítimas não pretendem deixar que se abafe o caso. Estes garantem que a “culpa não vai morrer solteira após esse trágico acidente, alguém terá de assumir as suas responsabilidades. Queremos os responsáveis doa a quem doer”. E, desta forma pedem que medidas sejam tomadas pelas entidades competentes e pelo Ministério Público, e que as responsabilidades sejam assacadas em Tribunal, como forma de avaliar os transtornos e traumas resultantes do acidente.

Resgate

Na sequência do naufrágio, foram encontradas com vida onze: Aricson Fonseca, agente do navio Tuninha, João Domingos, 2º Oficial, Daniel Gomes, 1º marinheiro, Valdir Santos, marinheiro, Manuel Fortes, 3º piloto, Dalilo Fernandes, estagiário de máquinas, Hermínio Furtado, marinheiro estagiário, Dirce Carmos e Maria da Luz, empregadas de camera. Foram encontrados ainda, os passageiros José Eduardo Amado e Antónia Dias.

Mortes

As autoridades confirmaram três mortes: corpo do tripulante, Carlos Pina, ajudante de cozinha foi resgatado, e avistaram como morto, uma criança de 6 anos, Wesley Amado, filho de José Amado e do Chefe de máquinas, Lazaro Chapey. 

Desaparecidos

Quanto as pessoas desaparecidas com o naufrágio, há os passageiros, Sandra Varela e António Morais. Da tripulação, há o Comandante, Cláudio Gonzalez, o Imediato, José Angel, Gualdino Monteiro, Pedro Cidário, o Contra-mestre, João Santos, João Camilo, cozinheiro, Danilson Inocêncio, marinheiro, Eunice Monteiro, empregada de camera, e os condutores de atrelado, Adilson Lopes e Osvaldino Delgado.

Sugestões

No caso do Capitão, antes de sair do Porto da Praia foi lhe comunicado por pessoas que assistiram a colocação das cargas, de que o Vicente tinha um desvio de 6 graus para o lado de estibordo, mas este defendeu que sabia os meandros do seu trabalho e que a viagem iria decorrer da melhor forma. Por sua vez, o Imediato foi informado por subordinados, isto é tripulantes, que a havia sobrelotação de carga, bem como essa informação chegou ao Capitão que retorquiu que a tripulação estava no navio para cumprir ordens superiores. 

Já nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na Ilha do Fogo, local de destino do navio Vicente, o comando da embarcação foi informada pelas autoridades marítimas que tinha de aguardar a saída do navio Ostrea, da Companhia de Combustíveis, Vivo Energy para depois fazer a sua entrada no Porto. 

Explicações
Mas, segundo tripulantes que sobreviveram a tragédia, "o navio estava inclinado para estibordo e estava sobrecarregado. O acidente se deveu ao mar grosso e principalmente ao forte vento. O Segundo Oficial do navio naufragado explica ainda que o navio Ostrea não prestou auxílio adequado porque o Comandante do navio Vicente não pediu socorro ao Ostrea, apenas pediu o seu afastamento, ao invés de dizer que Vicente se afundava. 

"E que este deu início a uma série de manobras estranhas, pelo que o Capitão mandou virar o navio a bombordo. Mas, o Segundo Oficial e o Terceiro Motorista disseram que  a melhor opção seria para estibordo devido ao mau tempo, pelo que após insistência do Comando do navio, a força tiveram de acatar as suas ordens, e ao sofrer uma rajada de vento virou-se de lado e em cerca de cinco minutos se afundou sem deixar rastos" explica a tripulação.



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