O Radar News Online faz uma retrospectiva a cerca de navios de passageiros, bem como de cargas que sofreram acidentes nos mares de Cabo Verde. O sector dos transportes marítimos tem registados casos que causam caos, isto é, a insuficiência de navios nas rotas fazem os cabo-verdianos bradar ao céu. Mas, há histórias envolvendo barcos de bandeira nacional que causam sofrimento e angústia, fazem as pessoas derramarem lágrimas pela perda de familiares e amigos. A viagem no tempo começa em 2006 com o incêndio a bordo, seguido de afundamento do navio de carga, Dilza e culmina numa tragédia que envolve o navio Vicente, com registo de três mortes e 12 desaparecidos, e 11 pessoas encontradas com vida.
Navio Vicente, da Companhia Tuninha |
Este online embarca numa viagem onde várias pessoas até o dia de hoje guardam recordações, que com o passar do tempo não saem da memória. Há outros que trazem marcas no corpo e coração por causa de um dia onde passarem por situações que não desejariam a ninguém que estivesse em alto-mar. Sabe-se que para o público ficaram perguntas por responder: como ocorreu os naufrágios ou encalhes, quem são os culpados e as medidas que deveriam ser tomadas para garantir a certificação e viagens em segurança.
Mas, é sabido que em Cabo Verde, em muitos casos, a culpa morre solteira, e no sector dos transportes marítimos essa situação não foge a regra, independentemente de casos onde se provou serem acidentes sem negligência humana. É, que quem averigua nunca vem a público apresentar os relatórios finais das investigações e dissipar todas as dúvidas.
Historial
Porém, deixemos de lado aquilo que se sabe que vai continuar a ser uma realidade em Cabo Verde e avancemos para o primeiro caso. O navio "Dilza", que transportava combustíveis inter-ilhas, ao serviço da Enacol se incendiou no dia 17 Janeiro 2006, e depois de estar em chamas afundou-se nas proximidades do ilhéu Raso, ilha de Santa Luzia. Na altura dos factos, o capitão dos Portos de Barlavento, Manuel Monteiro, que se deslocou ao local para "avaliar a situação", afirmou não existirem grandes riscos para o meio ambiente, uma vez que o combustível foi, na sua maior parte, consumido no incêndio. A tripulação do navio, constituída por 10 pessoas, foi socorrida por um barco de pesca que se encontrava nas imediações do local do sinistro, tendo sido transportada para a ilha de São Vicente.
Dilza, pertencia a Cia Crivinave |
Companhia Polaris perde dois navios
A saga de desastres com navios em Cabo Verde prosseguiu em 2008, a Companhia de transportes marítimos, Polaris perdeu dois navios de passageiros e cargas, no espaço de um mês. Estes dois casos até hoje são relembrados por tripulantes dessa empresa que viveram os dois naufrágios.
Navio Barlavento da Cia Polar |
A primeira foi a emblemática embarcação, Barlavento construída junto com o Sotavento em estaleiros navais na Alemanha. Na noite 2 Abril 2008, por volta das 23h15, a sul a sul da ilha do Fogo, na Baixa de Pescadeira, o navio Barlavento encalhou com 11 passageiros e 15 tripulantes a bordo, que foram evacuados algumas horas depois. As autoridades marítimas estavam a tentar rebocar o navio de volta para a capital, cidade da Praia, mas as operações acabaram por não ter sucesso, uma vez que a embarcação acabou por afundar.
A frota da empresa Polaris ficou reduzida com a perda deste navio. Mas, não antevia que o azar iria continuar a bater-lhe as porta. O N/M Musteru afundou-se na noite de 6 Maio, ao largo de Porto Mosquito, ilha de Santiago, enquanto ia de viagem para a ilha do Fogo. O navio afundou-se depois da carga que transportava ter tombado para um dos lados devido à forte ventania que se fazia sentir. A água começou a entrar no Musteru e a tripulação não teve outra alternativa senão abandonar o barco e salvar as 109 pessoas que seguiam para o Fogo. Ninguém ficou ferido durante o acidente nem durante a operação de salvamento.
Musteru a afundar-se ao largo de porto Mosquito |
Encalhes
O navio "Terry Tres" encalhou no dia 9 de Setembro 2012, ao largo da praia de Francisca, na ilha de Santa Luzia, Cabo Verde. Vinha da ilha de Boa Vista e tinha como destino a ilha de Santo Antão para embarque de máquinas e contentores. O seu encalhe nessa zona em Santa Luzia continua a ser um mistério por descobrir, nas medidas que as autoridades marítimas revelaram que o navio poderia ter zarpado por uma zona sem perigo. Por ora, a embarcação que foi dado com perdido a favor do Estado de Cabo Verde está a ser desmantelado por uma empresa estrangeira.
Terry Tres na praia Francisca, Santa Luzia |
Mistério
No domingo, 8 Setembro 2013, o navio Rotterdam, concebido inicialmente para a pesca e que sofreu modificações com vista à sua transformação numa embarcação para o transporte de cargas, deixou o porto da cidade da Praia rumo à ilha da Boa Vista onde deveria atracar no porto de Sal-Rei na segunda-feira, 9 Setembro. As autoridades marítimas, bem como os familiares, perderam o contacto com a tripulação que trabalha na embarcação. As autoridades marítimas deram o alerta a todos os barcos que estavam nas nossas águas no sentido de ajudarem a localizar a embarcação, mas o certo é que o caso do desaparecimento do Rotterdam continua a ser um mistério por esclarecer.
Rotterdam |
Choque
Um novo encalhe veio a acontecer desta feita após o choque entre dois navios, a entrada do cais da Praia durante o exercício de manobras. O acidente entre o Sal rei e o navio-tanque Cipreia, da empresa Vivo Energy que faz o transporte de combustível inter-ilhas aconteceu no dia 31 Outubro 2013. A colisão aconteceu no canal de acesso ao porto da Praia quando o navio-tanque Cipreia saía do porto em direcção à ilha do Fogo e o Sal Rei vinha a entrar.
Sal Rei encalhado na baía do Porto da Praia, Santiago |
Os tripulantes e passageiros do navio Sal Rei foram resgatados por um outro navio que estava no Porto, o Djon Dade, sem nenhum ferimento. A colisão provocou o desequilíbrio do Sal Rei, que entrava no porto, o que fez encalhar o navio perto do ilhéu de Santa Maria, mas depois de várias operações viria a ser resgatado e por ora se encontra atracado no cais da CABNAVE na ilha de São Vicente.
Navio Cipreia após o embate com Sal Rei |
Resgate
Em Maio 2014, no dia 31 ocorreu mais um encalhe que culminou no resgate dessa embarcação. O caso aconteceu na ilha de São Vicente e envolveu o navio Tarrafal que devido ao forte vento que se fazia na Ilha do Monte Cara foi arrastado do Porto Grande onde estava fundeado e só parou na zona da Galé.
Tarrafal encalhado na zona da Galé, São Vicente |
O navio que operou regularmente em Cabo Verde durante quase uma década, sob a chancela da companhia STM, há muito que constitui um perigo a navegação na Baía do Porto Grande porque se encontrava fundeado e totalmente às escuras. Da tripulação, antes constituída por 25 pessoas, a empresa manteve a bordo apenas um guarda. E, ao que tudo indica, em condições precárias porque ficou sem combustível e alimentação. Com a acção do vento foi parar a Galé, onde acabou por ser retirado por um rebocador das Canárias, e agora está atracado no Porto Grande, por questões de segurança.
Averiguações
O navio Pentalina-B encalhou na praia de Moia Moia, região do Concelho de São Domingos, por volta das 2 horas da madrugada na quinta-feira, 5 Junho 2014. Todos os passageiros que estavam a bordo, 69 adultos e 16 crianças foram retirados do navio com ajuda de um rebocador. Dias depois foi feito uma rampa de acesso a terra que permitiu a retirada de carros e cargas. O Pentalina-B operava em Cabo Verde desde 2009 e acabou por encalhar junto a um rife, e o caso pelas averiguações realizadas pelas autoridades apontou que se deveu a negligência humana que o levou a ficar próxima de terra até esta data.
Pentalina B encalhado na zona de Moia-moia |
Volvidos dois meses, no dia 3 Agosto, o navio John Miller, propriedade da empresa de combustível Enacol, afundou-se no Porto da Boavista quando se preparava para fazer uma descarga de combustível e gás na ilha. Durante diligências foram recuperadas várias mercadorias que estavam a bordo da embarcação, bem como equipamentos que continham combustível e gás. Já o "John Miller" não foi resgatado e ainda continua nas profundezas da baía do Sal Rei.
Navio John Miller afundando na baía de Sal Rei, Boa Vista |
Tragédia
E, para fechar esta retrospectiva, um caso que tirou o sono a muitos cabo-verdianos: o afundamento do navio Vicente, da Companhia Tuninha, na noite do dia 8 Janeiro 2015, nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na ilha do Fogo. A sobrecarga do navio, aliada as condições do mar e do tempo, indicada por manobras perigosas por determinação do Comando do Vicente podem ter ditado o desfecho do naufrágio mais trágico no últimos oito anos em Cabo Verde: Três mortes confirmadas, 12 desaparecidos e 11 pessoas encontradas com vida... As buscas prosseguem e há esperança de se encontrar sobreviventes ou corpos dos desaparecidos.
Essas perdas são lamentáveis! Porém, o que mais dói é o desaparecimento físico dos nossos amigos e familiares!
ResponderEliminarDe um ponte de vista geral, no meio de tudo isso há gato. Por ser, cabo Verde, um Arquipélago insular, desde sempre houvera necessidade de recorrer aos navios para transporte de passageiros e de mercadorias entre as ilhas e passando pela as encostas perigosas, com recifes e ilhéus submersos, sempre na tranquilidade e sem risco. O estranho, começou a dar a cara em 2006 com o incêndio e seguida de afundamento do navio Dilza. O que é estranho, é que, desde então, há uma onda que engole navios constantemente. É simplesmente sinistro!
Ocaso mais bizarro que temos, envolve o navio "Rotterdam", que saiu do caís, fez a curva e desde então o desaparecimento dele é uma incógnita, sem esquecer também do N/Vicente que afundou-se em pouquíssimos minutos deixando 11 pessoas desaparecidas e familiares sem saberem o que fazer!!!
Não quer dizer que a negligencia está a bordo do navio, não, nada disso. A negligência tem mão assassinas, as autoridades precisas de ver isso de forma pormenorizada! Se parar-mos para ver, outrora hávia sempre uma forma de recordar de navios encalhados, porque ficava até deteriorarem pela corrosão, mas agora isso já não é possível porque, mal se encalhem, já há quem os quer desmantelar, parece que o plano de desmantelamento se encontrava pronto ante do tal acontecer. Simplesmente macabro!!!
Também, não podemos esquecer dos navios que afundem mesmo acostado ao cais, que é o caso de mar no e outro que se encontravam na mesma zona