sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Naufrágio do navio Vicente: Três mortes confirmadas num caso com indícios de negligência humana

As autoridades marítimas e os Serviços de Protecção Civil têm esperança de encontrar com vida as pessoas que continua desaparecidas após o naufrágio do navio Vicente, na noite do dia 8, nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na Ilha do Fogo. Dos 26 cidadãos que estavam a bordo da embarcação, já se resgataram 11 com vida, recolheram três cadáveres, inclusive uma criança, de seis anos que faleceu nos braços do pai. Nas próximas horas, as buscas têm por base encontrar as 12 pessoas que ainda continuam desaparecidas no mar da Ilha do Fogo. Os indícios recolhidos numa primeira fase  de averiguações apontam que o acidente se resulta de negligência humana, por parte de quem comandava o navio. 





Nesta sexta-feira, 9 Janeiro, as autoridades marítimas e os Serviços de Protecção Civil, militares, acompanhados de um helicóptero da Força Aérea Espanhola, os navios, Ostrea, Kriola, Mar Linda e o rebocador Damão, a empresa de aviação Cabo Verde Express realizaram diligencias de patrulha. Depois de procederem ao resgate de três pessoas, um Segundo oficial, João Domingos, um terceiro motorista, Daniel Gomes, e uma passageira, Antónia Dias, logo no primeiro dia do naufrágio. 



Nesta quarta-feira recolheram com vida o estagiário, Manuel "Vela" Fortes, os cadáveres de uma criança de seis anos, de um homem de nacionalidade cubana, o chefe de máquina, Lazaro Abreu Chapey, e de um indivíduo também da Ilha de São Vicente, de nome Carlos  Delgado de Pina, conhecido por "Canja", que residia em Fernando Pó. 



Resgate



Por outro lado foram resgatados com vida, membros da tripulação como Dalilo, da zona de Ilha de Madeira, São Vicente, Dirce Nascimento, Arickson Fonseca, Valdir dos Santos e Arminio Santos, José Eduardo, jogador da Académica do Fogo, e uma pessoa cuja identidade ainda não foi revelada. De realçar que 12 pessoas continuam desaparecidas, e que com o início da noite, dada a escuridão e condição do mar e do vento, as buscas foram suspensas e serão retomadas na manhã deste sábado no sentido de se encontrar mais sobreviventes. 


Recorde-se que em relação ao afundamento do navio Vicente, membros da tripulação que conseguiram escapar a tragédia revelaram que o Capitão da embarcação, e o Imediato, todos cidadãos de nacionalidade cubana tiveram um comportamento reprovável, ao não aceitarem as sugestões dos subordinados. 

Sugestões

No caso do Capitão, antes de sair do Porto da Praia foi lhe comunicado por pessoas que assistiram a colocação das cargas, de que o Vicente tinha um desvio de 6 graus para o lado de estibordo, mas este defendeu que sabia os meandros do seu trabalho e que a viagem iria decorrer da melhor forma. Por sua vez, o Imediato foi informado por subordinados, isto é tripulantes, que a havia sobrelotação de carga , bem como essa informação chegou ao Capitão que retorquiu que a tripulação estava no navio para cumprir ordem superiores. 

Já nas imediações do Porto de Vale dos Cavaleiros, na Ilha do Fogo, local de destino do navio Vicente, o comando da embarcação foi informada pelas autoridades marítimas que tinha de aguardar a saída do navio Ostrea, da Companhia de Combustíveis, Vivo Energy para depois fazer a sua entrada no Porto. 

Explicações

Mas, segundo tripulantes que sobreviveram a tragédia, "o navio estava inclinado para estibordo e estava sobrecarregado. O acidente se deveu ao mar grosso e principalmente ao forte vento. O Segundo Oficial do navio naufragado explica ainda que o navio Ostrea não prestou auxílio adequado porque o Comandante do navio Vicente não pediu socorro ao Ostrea, apenas pediu o seu afastamento, ao invés de dizer que Vicente se afundava. 

"E que este deu início a uma série de manobras estranhas, pelo que o Capitão mandou virar o navio a bombordo. Mas, o Segundo Oficial e o Terceiro Motorista disseram que  a melhor opção seria para estibordo devido ao mau tempo, pelo que após insistência do Comando do navio, a força tiveram de acatar as suas ordens, e ao sofrer uma rajada de vento virou-se de lado e em cerca de cinco minutos se afundou sem deixar rastos" explica a tripulação.

As causas do acidente estão a ser apuradas pelas autoridades no sentido de se saber o que levou ao afundamento do navio Vicente que tinha a bordo 26 pessoas, sendo que três já morreram e 12 continuam desaparecidas no mar. O certo é que pelas informações iniciais recolhidas junto da tripulação, as autoridades competentes na matéria de averiguação do caso suspeitam que a negligencia humana, aliada ao mau tempo que se faz sentir em Cabo Verde podem ter ditado o naufrágio do "Vicente"cujo paradeiro ainda é uma incógnita. 
















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