segunda-feira, 22 de setembro de 2014

G-Rapperz poetiza a realidade do povo em Kódigo D´ Barras

O grupo de HipHop, Guerrilha D´ Rapperz, conhecido por G- Rapperz prepara o lançamento oficial do seu 4º álbum, intitulado Kódigo d´ Barras. Kódigo d´ Barras é um álbum que procura mostrar as pessoas que estamos a perder a nossa essência seres humanos e também como nação. Kódigo d´ Barras não vai de encontro ao sistema político, como ocorreu no álbum Kastel d´ Kartas, mas sim é feito de povo para o povo.
Capa do álbum do grupo G- Rappez
Nascido em 2006, na Povoação, na cidade da Ribeira Grande, ilha de Santo Antão, o grupo de rappers, G- Rapperz está prestes a colocar no mercado o seu quarto álbum. 

Depois de produzirem os álbuns Hora D´ Mudança, Kotidian (denuncia) e Kastel d´ Kartas, o Kódigo d´ Barras é mais um trabalho musical que com um “Intro” e 16 músicas e será lançado no dia 26 Setembro em formato digital. Kódigo D´ Barras foi gravado ¼ Studio e foi mixado e masterizado por GolbeatzPro.

O Radar News Online apurou que a ideia do álbum surgiu durante uma conversa entre amigos. Jó Muhammad explica que fizeram uma comparação entre o Kódigo d´ Barras presente nos produtos e relacionaram-no com o número de identificação do BI. 

“É um documento nacional de identificação de uso obrigatório e que nós transportamos para identificarmos num processo computadorizado. Mas, não só aquele Kódigo d´ Barras, mas também temos que ter uma boa etiqueta, uma característica que mostra a qualidade de tal indivíduo rotulado de produto”. 

G- Rapperz pretende com álbum Kódigo d´ Barras mostrar as pessoas de forma geral no produto que estão a ser transformados através de novelas, filmes, desenhos animados, bem como a rádio. “Aquela mídia que era suposto trabalhar na mudança de mentalidade de um povo doente, é a mesma que molda a opinião e a mente das pessoas negativamente. Nós como produto podre de uma sociedade que nem a sua história conhece, a não ser uma maquilhagem eurocêntrica do nosso “eu”, devíamos desprender dessa cultura ocidental (Americanizada e eurocentrada) e regressarmos as nossas raízes”. 

Jó Muhammad explica que em nenhum momento estão a pedir as pessoas que queimam o seu BI. Mas, que estas acordam e ajam de forma racional, à altura da realidade que vivem. G- Rapperz quer mostrar as pessoas que a sua verdadeira identidade está para além de um código de seis números, um digital, uma "carinha" e algumas informações supérfluas plastificado e utilizado em várias formas de controlo. 

“Quando és realmente educado e disciplinado tens a tua identidade contigo, sabes quem és, de onde vens, aí sim, os outros dar-te-ão o teu devido respeito. As pessoas chegaram ao ponto de fechar os olhos e preferi acreditar que tudo está bem (assim como os claridosos), mas iremos pagar por isso” adianta o entrevistado.

Liberdade
Jó Muhammad assinala que “nós somos mais ousados do que os poetas da literatura de Seló (que emprestou o termo em inglês- sail off), entendendo que estes mascaravam as suas poesias que eram simultaneamente belas e duras metáforas quando escreviam a cerca da dor do cabo-verdiano que não era livre: para governar seu destino, livre para viver na sua terra. Livre de seca e livre de fome, de uma falsa identidade que os antigos colonizadores, mestre de escravos impuseram-nos e vale a pena lembrar que aquilo que é forçado não é sincero”. 

O entrevistado explica essa ousadia, pois mostram a cara quando escrevem e cantam o sofrimento desse povo. O movimento PUVA-RAP une-se a ideia de Seló através da marca de compromisso social a aqueles desfavorecidos das ilhas do arquipélago, que é a maioria da população. 

Valorização 
Com Kódigo d´ Barras, G- RapperZ apelá a união, consciencialização, para cada um ser líder da sua própria revolução a revolução na mente de cada indivíduo e diz que enquanto o povo não assumir que está doente, não poderá se curar, é preciso pedir as pessoas que começam a valorizar a si mesma, dado que nunca o fizeram. 

“Sempre nós dependemos dos outros para sorrir, para andar, comer e viver. Falar de consciência é fácil, agir com consciência são poucos os que conseguem fazê-lo. Isso porque “mandar boca” é fácil, estar dentro de um estúdio a gravar e a sentir super-homem é fácil. Mas sair das quatros paredes e agir como tal, mais de metade não o faz. Paz!” conclui Jó Muhammad.


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