terça-feira, 28 de outubro de 2014

MpD e UCID defendem que BCV está à deriva com Governo a confiar em Humberto Brito

O Movimento para Democracia, MpD aproveitou a sessão plenária do Parlamento para apresentar a sua indignação perante o facto do Banco de Cabo Verde estar a 84 dias sem Governador, após o ex administrador, Carlos Burgo pôr o cargo a disposição. A UCID pediu ao Governo que assume as suas responsabilidades na matéria. O Governo veio defender que o BCV não está à deriva, e pediu a não politização dessa instituição e da questão da nomeação do novo governador, Humberto Brito.

A indigitação do ex ministro do Turismo, Indústria e Energia Humberto Brito para o cargo de Governador do BCV está em envolto de polémica. Durante o segundo dia da sessão plenária do Parlamento, o líder da bancada do MpD, Elísio Freire apresentou uma declaração política assegurou que a nomeação do ex ministro, Humberto Brito suscitou dúvidas sobre a legalidade da sua indigitação.

Elísio Freire defendeu que há que “blindar o BCV de um clima de suspeição e de ilegalidade totalmente estranhos à instituição que garante a robustez do sistema financeiro e a sua regulação”. O líder da bancada do MpD afirmou que o seu partido considera “incompetente e desastrosa” a forma como está a ser conduzido o processo de nomeação do do novo governador do BCV, e que essa situação onde espelha “um clima de nepotismo e amiguismo” vai trazer “graves consequências para a economia e para a democracia”.

Marasmo

O Movimento para a Democracia, partido da oposição considerou que o Governo, com a sua postura quer comandar os destinos da instituição que rege o sistema financeiro de Cabo Verde. “O BCV encontra-se há 84 dias sem governador nomeado e com legitimidade, sem conselho fiscal e com um governador substituto, cujo mandato terminou há muito tempo. O marasmo institucional tomou conta do BCV e o vazio perturba o normal funcionamento do sistema financeiro”.

António Monteiro, presidente da UCID veio clarificar que o Governo se descurou dessa matéria, e que o executivo está “a brincar com coisas sérias”, uma vez que o BCV está sem Governador há mais de dois meses.

A UCID pediu ao Primeiro-ministro e a ministra das Finanças, que resolvam "o quanto antes" esse problema. “Quem encontrem a pessoa certa, com moral e idoneidade. Isso, para que o BCV tenha um governador à altura e que não vá para ali servir os interesses de um partido ou de um Governo. Mas, sim para defender os interesses da política monetária nacional e de Cabo Verde.

Refutações

Mas, o PAICV, partido no poder, pela voz do seu líder de bancada, Felisberto Vieira impugnou as declarações de Elísio Freire e defendeu que “o MpD não tem lições a dar em relação a matéria de independência na regulação das instituições e respeito pelas leis”. O deputado do PAICV trouxe à tona que foi o Governo, liderado pelo seu partido que em 2001 introduziu mudanças na regulação das instituições e nas escolhas de quem administra as organizações, pois no passado o Mpd não cumpriu com a ética.

Felisberto Vieira entende que o BCV tem autonomia e independência, dois atributos que o Governo tem respeitado  isso, porque existe um quadro regulatório moderno, e que se está a preparar um modelo para dotar o Banco de Cabo Verde de uma "liderança competente, capaz e com toda a legitimidade permitida pela lei".  

Nova orgânica


Por sua vez, em representação do Governo, Rui Semedo, ministro dos Assuntos Parlamentares disse que não corresponde a verdade que o Banco de Cabo Verde está a mais de dois meses sem Governado. “Formalmente o Governador-cessante, Carlos Burgo deixou o cargo no dia 6 Outubro, e nesse sentido pelas contas são 22 dias. Mas, é certo que o Governo tomou medidas para garantir a independência, a isenção, as incompatibilidade e também a transparência em relação do BCV, que foi beneficiado com nova orgânica” concluiu o ministro, Rui Semedo.

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